
Quem tem criança em casa jamais pode se descuidar de medidas simples que podem evitar acidentes sérios e até fatais dentro de casa. Segundo dados do Ministério da Saúde, crianças entre zero e 9 anos representam um terço das vítimas de traumas e intoxicações caseiras. Por isso, confira as mudanças que podem ser feitas dentro de casa e que fazem toda a diferença.
A instalação de coberturas e proteções de tela nas escadas, varandas, janelas e piscinas evita que ocorram afogamentos e quedas. Segundo dados do Ministério da Saúde, no ano de 2004, somente no estado do Rio de Janeiro, ocorreram 990 mortes infantis por afogamento e 209 crianças foram vítimas fatais de quedas.
A cozinha e a área de serviço podem ser grandes armadilhas para acidentes domésticos com os pequenos, que nunca devem ficar sozinhos nesses locais. O ideal é mudar todos os utensílios cortantes para um armário mais alto, evitando o alcance das crianças. O fogão aceso, panelas e palitos de fósforos são as causas dos mais graves tipos de queimaduras. Esses traumas costumam apresentar seqüelas permanentes, além do tratamento na maioria das vezes ser dolorido e demorado.
A substituição do álcool líquido de limpeza pelo em gel é outra medida que evita muitos problemas, pois, além dos riscos de queimaduras, o álcool pode ser ingerido com facilidade e provocar intoxicação. ¿O álcool em gel é mais difícil de ser espalhado no corpo e é um produto menos inflamável que a sua forma líquida¿, afirma o Coordenador da Rede Nacional de Centros de Informação e Assistência Toxicológica e técnico da Anvisa, Jorge Sayde.
Os materiais de limpeza como os desinfetantes, detergentes, multiusos e outros, também são responsáveis pela intoxicação de crianças. Os produtos caseiros e clandestinos são os mais perigosos, segundo Jorge Sayde. ¿São armazenados em embalagens como garrafas de refrigerantes e despertam interesse devido às suas cores chamativas.¿ Outro grande problema, é que quando ocorre intoxicação por esses produtos, fica mais difícil dos profissionais tratarem a vítima por não saberem a composição exata do produto.
Os medicamentos e algumas substâncias como a soda cáustica e os agrotóxicos representam um risco ainda maior para as crianças. Outro produto bastante perigoso é o popular "chumbinho", mistura clandestina que muitas pessoas usam para matar ratos.
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), entre os anos 2002 e 2006, mais de 500 crianças foram vítimas do chumbinho apenas no estado do Rio de Janeiro. "O ideal é que os pais não comprem em hipótese alguma esses produtos clandestinos, pois são mortais para as crianças. Se a intenção é matar ratos, comprem raticidas nas casas do ramo", afirma Jorge Sayde.
Os medicamentos também oferecem riscos às crianças. Os comprimidos podem ser confundidos com balinhas, e xaropes com sucos, por exemplo. De acordo com o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), os medicamentos ocupam o primeiro lugar entre os agentes causadores de intoxicações em seres humanos.
Ao sinal de intoxicação em casa, encaminhe a criança ao serviço médico mais próximo, e se puder, ligue para o ¿Disque-Intoxicação¿(0800-722-6001). O serviço oferecido pela Anvisa orienta nos primeiros socorros de vítimas de intoxicação. O serviço funciona todos os dias, 24 horas.
O objetivo é evitar seqüelas causadas por primeiros-socorros prestados de forma incorreta como a ingestão de alimentos como o leite ou a provocação do vômito. Em muitos casos, isso pode piorar a situação da criança intoxicada.
Controle o ciúme entre os irmãos
Verônica Cavalcante
Segundo o Dicionário da Língua Portuguesa de Aurélio Buarque de Hollanda, ciúme pode ser definido como "zelos amorosos". É, portanto, uma situação normal entre pessoas que se amam. No entanto, ciumeira é definida pelo mesmo dicionário como "excesso de ciúme" e, em qualquer relação, passa a ser um problema.
Amar intensamente pressupõe exclusividade. Por exemplo, uma mulher não quer dividir seu parceiro com outra mulher. É aceitável que este homem ame outra mulher em outro tipo de relação, como a mãe, uma amiga, a irmã, mas nunca na relação semelhante à dela, homem-mulher.
O amor de uma criança por seus pais é extremamente intenso e incondicional, portanto, há o desejo da exclusividade. Do ponto de vista da criança, seus pais terão que dividir seu amor com o novo membro da família. Do ponto de vista dos pais, amor não se divide, só se acrescenta, mas na prática, seu tempo terá que ser dividido.
Isto acontece mesmo antes do nascimento quando se iniciam os preparativos para acomodar o bebê, seja na montagem do quarto exclusivo para ele, que geralmente será o mais próximo do quarto dos pais, seja ao dividir o quarto da criança, quando, não raro, a criança é retirada de seu berço para dar lugar ao recém-nascido.
Além disso, a chegada do bebê passa a ser um assunto muito freqüente nas conversas entre amigos e família. Fala-se sobre o sexo, o nome, a última ultrassonografia, o enxoval etc.
E o primeiro filho? Que espaço ocupa agora nesta família? Está numa fase atrativa que todos o acham lindo e valorizam suas piruetas e falas engraçadas? Ou já passou desta fase, está chato e se torna inconveniente para chamar a atenção?
Fica claro que o ciúme entre irmãos é normal pois se trata de dividir os pais com outro numa relação igual. Mas poderá vir a se tornar um grande problema agravado ou amenizado pela conduta da família. É preciso que a família, principalmente a mãe, saiba conduzir essa situação tão delicada.
No dia-a-dia, é importante valorizar o crescimento e amadurecimento dos filhos independente de ter planos para aumentar ou não a família. Dessa forma, a criança gostará de sair do berço para uma cama, se sentirá vitoriosa ao deixar de usar fraldas e chupeta etc. Se esses processos forem bem conduzidos pela família, na chegada do irmão, mesmo que haja algum grau de regressão, será menor e de fácil reversão.
O bebê que chega já ocupa muito tempo da família, especialmente da mãe. Amamentá-lo, dar-lhe banho, trocá-lo, são situações que exigem tempo e paciência. Se em sua maioria, a mãe puder estar sozinha com seu bebê, dando carinho, conversando com ele, sentindo prazer naquele momento, ela estará construindo e preservando uma relação boa e saudável. Dessa forma ela poderá estar disponível para o(s) outro(s) nos intervalos dessas atividades. É preciso preservar um espaço exclusivo com cada filho; se interessar realmente pela sua conversa, seja o brinquedo que quebrou, algo que ele conseguiu realizar, sua relação com o amiguinho etc.
Permita que ele sinta e fale de seu ciúme sem recriminá-lo. Assim será possível saber exatamente quais são as suas fantasias com relação ao irmão e poderá ajudá-lo a lidar com elas.
Enfim, ciúme entre irmãos é normal, ciumeira é quase sempre conseqüência de uma má condução da situação pela família.
Verônica V. Cavalcante é psicoterapeuta e presidente do Departamento de Saúde Mental da Sociedade Brasileira de Pediatria.verocavalcante@terra.com.br
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